No curso de Licenciatura em História da Unimes, está foi a aula de Cidades Medievais, da Matéria Idade Média.
Temática: A evolução das cidades
e suas contradições
Na aula de hoje você vai conhecer a evolução das cidades
— do tecido urbano — e as contradições que o processo de
urbanização criou no mundo medieval. Como você viu em
aulas passadas, o homem medieval habitava uma região rural, integrada
à natureza, mas a partir de desenvolvimento comercial estudado nessa
unidade, as cidades passaram a se desenvolver em algumas regiões da
Europa.
A origem do desenvolvimento e do enriquecimento das cidades está ligada
à expansão do comércio,, atividade econômica capaz de sustentar o
desenvolvimento urbano em oposição à agricultura das regiões rurais. As
antigas vilas romanas, como você viu, foram abandonadas durante o processo
de decadência do Império Romano e em boa parte da Idade Média o
cenário urbano se restringiu à poucas cidades, a maioria das quais, sedes
religiosas.
Embora o desenvolvimento do comércio tenha sido importante para o revigoramento
das cidades, vale a pena chamar a atenção para o papel das
guerras nesse processo. Como você já observou nas aulas sobre o Castelo
Medieval, a segurança era um componente fundamental para a Idade
Média, varrida constantemente por invasões e guerras. Em situações
como essas, os senhores feudais poderiam colocar as pessoas, animais e
ferramentas de seu feudo dentro das muralhas que margeavam o castelo
para garantir o seu patrimônio. Paulatinamente, com o enriquecimento e a
necessidade de segurança fizeram expandir as muralhas, dentro das quais
os camponeses passaram a viver.
Evidentemente, as formas de desenvolvimento das cidades foram variadas.
A própria burguesia enriquecida construía as muralhas para proteger
sua riqueza. Suas cidades exerciam uma atração irresistível para a massa
errante de indivíduos sem trabalho e para os servos cansados de abuso,
que viam nas muralhas citadinas a chance de fugir do domínio senhorial.
Um provérbio alemão afirmava que “o ar da cidade dá liberdade” pois era
fácil para o senhor feudal exercer o domínio nos campos, mas “recuperar”
um servo dentro de uma cidade era algo difícil.
PIRENNE, H. História econômica e social da idade média. São Paulo: Editora Mestre
Jou, 1968, 6ªed, p.58
Todavia o desenvolvimento das cidades não se opunha ao campo só pelo
poder de atração delas sobre os camponeses, ela também rivalizava na
questão dos lucros e dos juros. Esse é um aspecto importante pois, como
já vimos, a Igreja tinha importante papel na definição do que era possível
fazer em termos econômicos. A igreja proibia a cobrança de juros nos
empréstimos, pois dizia, que o tempo — que durava o empréstimo — pertencia
a Deus e, portanto, ninguém pode cobrar por ele. A ideologia cristão
pregava que a riqueza não era material e nem deveria ser esperada na vida
terrena, considerada palco de sofrimento e privação.. A riqueza verdadeira
era de natureza espiritual e seria encontrada no reino dos céus. A ideologia
cristão menosprezava os ricos, ao menos no discurso.
A Igreja era refratária ao enriquecimento comercial e, principalmente, ao
empréstimo a juros, base do sistema bancário, que deve ser analisado no
processo de desenvolvimento das cidades.
O sistema bancário se desenvolveu nas cidades do sul da Itália devido
ao avanço do comércio com o Oriente.
Como era um local de passagem
de mercadorias e moedas, e não havia
uma unificação monetária, o termo
banco é bem apropriado para a
atividade que então se desenvolvia.
Os primeiros banqueiros montavam
pequenas bancas em que se trocavam
moedas de uma região por moedas de
outra região, cobrando uma taxa. Com
o tempo e com o incremento da monetarização
da economia, os banqueiros
foram percebendo que podiam explorar
outros serviços tais como o armazenamento
do dinheiro, algo importante
em uma época de muitos roubos. O
dinheiro armazenado poderia ser emprestado com a cobranças de juros.
Essas primeiras atividades bancárias contavam com muitos judeus envolvidos.
Aos judeus era proibida a propriedade de terras e eles se encontravam
dispersos por boa parte da Europa, norte da África e Oriente Médio.
Apesar da proibição da Igreja no que diz respeito à cobrança de juros ,
foram criadas várias inovações comerciais e bancárias que “disfarçavam”
a pressença dos juros que acabaram por ser toleradas pela Igreja, como
por exemplo, a cobrança de porcentagens sobre o risco, uma espécie de
seguro.
Assim, o surgimento das cidades abriu um novo cenário
para o homem medieval, onde ele se encontrava mais seguro
contra as guerras e os abusos do senhor. Porém, numa
perspectiva mais abrangente, a própria concepção de mundo sofreu uma
alteração no que se refere o que passou a ser considerado riqueza.
Paulatinamente, todas as categorias de pensamento ligadas
ao mundo rural sucumbiram frente às cidades, abrindo
caminho para uma disputa política sobre o controle desseterritório, como veremos nas próximas
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