segunda-feira, 2 de abril de 2012

SOCIEDADE FEUDAL

(MEU COMENTÁRIO: O escriba Valdemir Mota de Menezes leu o texto abaixo escrito pela professora Patrícia Barboza da Silva e gostou. O texto é de linguagem simples, clara, sem se perder em vernáculos impopulares e sem tendências políticas marxistas. Ajudou-me ainda mais a compreender o feudalismo.)

A sociedade feudal era composta por dois estamentos (dois grupos sociais com status fixo): os senhores feudais e os servos.
Os servos, constituídos pela maior parte da população camponesa – presos a terra e sofrendo intensa exploração. Eram obrigados a prestar serviços ao senhor e a pagar-lhe diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e de proteção militar.
Embora a vida dos camponeses fosse miserável, a palavra escravo é imprópria.
Veja agora como o poeta franco Benoît de Saint-Maure, um dos poucos literatos medievais a preocupar-se com o destino das classes servis, descreve a triste situação desse grupo: "São eles que fazem viver os outros, os quais alimentam e sustentam; eles próprios sofrem os maiores tormentos: neves, chuvas e tempestades.
Miseráveis e famintos, cavoucam a terra com suas mãos. Levam uma vida rude, sofrendo e mendigando. E sem essa raça de homens, não imagino verdadeiramente como os outros poderiam viver".
A seguir as principais obrigações servis :
Corvéia : trabalho gratuito nas terras do senhor em alguns dias da semana.
Talha : porcentagem da produção das tenências.
Banalidade : tributo cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do senhor, como o moinho, o forno, o celeiro, as pontes.
Capitação: imposto pago por cada membro da família servil (por cabeça)
Tostão de Pedro: imposto pago à igreja, utilizado para a manutenção da capela local.
Economia e propriedade
O modo de produção feudal próprio do Ocidente europeu, tinha por base a economia agrária, amonetária, não-comercial, auto-suficiente. A propriedade feudal, pertencia a uma camada privilegiada, composta pelos senhores feudais, altos dignitários da Igreja (o clero) e longínquos descendentes dos chefes tribais germânicos.
A principal unidade econômica de produção era o feudo, que se dividia em três partes distintas: a propriedade privada do senhor chamada, manso senhorial ou domínio, no interior da qual se eregia um castelo fortificado; o manso servil, que correspondia à porção de terras arrendadas aos camponeses e era dividido em lotes denominados tenências; e ainda o manso comunal, constituído por terras coletivas – pastos e bosques - , usadas tanto pelo senhor quanto pelos servos.
Devido ao caráter expropriador do sistema feudal o servo não se sentia estimulado a aumentar a produção com inovações tecnológicas – porém não para si, mas para o senhor.
Por isso, o desenvolvimento técnico foi irrelevante, limitando a produtividade.
A principal técnica adotada foi a agricultura dos três campos que evitava o esgotamento do solo, mantendo a fertilidade da terra.
Sociedade Feudal
A sociedade feudal foi regida pela terra e por uma economia natural, na qual nem o trabalho nem seus produtos eram bens. O produtor imediato, o Camponês, estava unido ao solo por uma específica relação social, cultivavam e ocupavam a terra, mas não eram seus proprietários.
Quando o Feudalismo consolidou-se como uma forma de sociedade, essa força foi legitimada pela instituição da Servidão, que tem como definição legal: Gleba ou ligados a terra, neste contexto os servos juridicamente tinham mobilidade restrita. As propriedades agrícolas eram controladas privadamente por os senhores feudais, que extraiam um excedente de produção dos camponeses através de uma relação político-legal de coação.
Esta coação não-econômica significa que não há negociações de mercado entre os senhores feudais e os camponeses que são obrigados a pagar renda por causa da força superior exercida pelo senhor da terra. A relação entre estes toma a forma de serviços que são pagos em espécie ou obrigações exercidas tanto na terra do senhor como nas faixas pequenas de arrendamentos cultivadas pelo próprio camponês
Papel importante no estudo da Sociedade Feudal é o da Igreja que na Antiguidade estava sempre ligada ao Estado Imperial, e a ela subordinada, agora se tornava uma instituição eminentemente autônoma dentro desta sociedade. Seu domínio sobre as crenças e valores era imenso, mas sua organização eclesiástica era diferente do de qualquer nobreza ou monarquia secular. No feudalismo ocidental a Igreja podia defender seus próprios interesses particulares, se necessário, a partir de um reduto territorial e pela força armada. Bispos e Abades eram eles próprios grandes senhores feudais.
Definindo a Sociedade Feudal em termos mais amplos do que simplesmente o econômico, as dimensões políticas e ideológicas não devem ser negligenciadas. O poder em geral era exercido através da jurisdição, que era política, a ponto de se poder dizer que os meios pelos quais os senhores arrancavam o excedente dos camponeses serem mais políticos que econômico.
Segundo essa visão orgânica da sociedade, a partir de uma divisão tríplice da sociedade entre Clero, a nobreza e o camponês, o que refletia a visão ideológica de uma sociedade de ordem criada divinamente e dividida entre os que rezam (o clero), os que lutam (a nobreza) e os que trabalham (os camponeses), doutrina instituída pelo clero e caso se afastasse dela seria um crime não só contra a ordem social, mas também contra Deus.
Esta doutrina social foi aceita e vigente até o século XVII, quando foi destruída pelas várias doutrinas do individualismo burguês produzidas naquele século. É bem verdade que outras classes sociais tiveram que ser acomodadas além das três ordens originais com o desenvolvimento da urbanização, mas a mensagem de harmonia e de imobilidade sociais continuou a mesma.
Texto escrito pela Professora Patrícia Barboza da Silva licenciada pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG.Referencia Bibliográficas:
BOTTOMORE, Tom (ed). Verbete – Sociedade Feudal in: Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro; Zaar, 1998.
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo, Brasiliense, 1994 4ª ed.
Autoria: Patrícia Barboza da Silva e Claudia Machado da Silva

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